Essas perguntas do casal de americanos não poderiam fazer mais sentido. Superados meus traumas de infância, tenho descoberto com grande prazer nos últimos anos o quanto a vida pode ser melhor quando se consegue ter regularidade na atividade física. Redução de dores, melhora da qualidade de vida, diminuição do estresse. E até por esses resultados me pergunto por que já não se discute desde jovem o que é preciso fazer para se manter autônomo quando se envelhece. No meio de tantos conselhos que recebemos ao longo da vida – quem não ouviu o de economizar ou fazer uma previdência privada por exemplo? – , por que não se ensina desde cedo que cuidados e atitudes devemos tomar para chegar à velhice sem dores e restrições de movimento? “Talvez você não consiga prevenir uma doença como um câncer ou uma doença de Parkinson, mas pode fazer muitas coisas para se preparar para o futuro, mesmo que a velhice ainda vá demorar muito a chegar”, reforçam Juliet e Kelly.
E aí é que está o segredo, segundo eles. Porque não se trata apenas de malhação. Com dicas, exemplos e avaliações, Juliet e Kelly relacionam cada um dos dez capítulos do livro a um sinal vital. Eles vão de conseguir sentar e levantar do chão a respirar com facilidade, de aprender a fazer a extensão do quadril a encontrar seu ponto de equilíbrio, de investir em agachamentos a “alimentar-se como se fosse viver para sempre” e usar seu “superpoder: o sono”. Perpassando todas as áreas está um conceito nem sempre lembrado nas academias de ginástica: para envelhecer bem, é preciso focar em mobilidade.
“Esse termo vago se refere a algo muito bonito: a convergência harmoniosa de todos os elementos que permitem que você se mova com liberdade e sem esforço pelo espaço e pela vida”, explicam. “Tudo está em sincronia – seus músculos, articulações, tendões, ligamentos, fáscias, nervos, cérebro e a rede vascular que percorre seu corpo. Dominar esse poder o ajudará a ganhar agilidade, facilidade e rapidez de movimento, ao mesmo tempo que elimina restrições, rigidez e dores.”
E no que isso extrapola os exercícios físicos?
“Exercícios são essenciais para o coração e os pulmões, para os músculos, para a composição do corpo, para a paz de espírito e para uma centena de outras coisas. Mas, em relação à mobilidade, os exercícios são uma atividade extracurricular. Eles não substituem práticas que acionam músculos, tecidos, ossos e articulações com movimentos simples porém vitais. Tampouco podem substituir as práticas que dão apoio a esses movimentos. Sua quantidade de sono, por exemplo, afeta seus níveis de dor e, portanto, quanto você se movimenta ao longo do dia. Tudo está conectado.”