O Ministério Público de São Paulo emitiu nesta quarta-feira (10) um parecer contrário ao pedido de Alexandre Nardoni, de 45 anos, para migrar ao regime aberto, o que permitiria que ele cumprisse o restante de sua pena em liberdade.
Ele já cumpriu quase metade da pena em regime fechado, em virtude do crime cometido em 2008.
Nardoni foi sentenciado em 2010 a 31 anos e 1 mês de prisão pela morte da própria filha, Isabella Nardoni, aos 5 anos.
A menina foi jogada da janela do sexto andar do apartamento onde Alexandre morava com a esposa, Anna Carolina Jatobá, também condenada pelo crime, e outros dois filhos pequenos, no Edifício London, na Vila Guilherme, zona norte da capital paulista.
O pedido de liberdade de Nardoni foi protocolado na Justiça na última segunda-feira (1º) pelo advogado Roberto Podval, que é seu defensor desde a época do julgamento.
Na peça, Podval argumentou que seu cliente apresenta “bom comportamento” e “ótima conduta” carcerária.
“Nunca incorreu em falta disciplinar de qualquer natureza e não tem envolvimento com facção criminosa, ou seja, tem e sempre teve uma conduta prisional exemplar”, citou sua defesa no pedido de progressão.
No entanto, o MP sustenta que tais “qualidades” de Nardoni não devem ser postas à mesa ao analisar se ele merece ou não sair da cadeia, pois o bom comportamento não é um mérito do sentenciado, e sim sua obrigação.
Além disso, o MP o considera “inadmissível” dar liberdade a Nardoni agora pois ele está há apenas 5 anos no regime semiaberto e sua pena só terminará em 2035.
Outro ponto que implica contra Nardoni é o fato dele nunca ter admitido que jogou a filha pela janela, se tornando um dos imbróglios para que ele ganhe as ruas novamente.
O Ministério Público recomendou que ele seja submetido ao teste de Rorschach antes de migrar para o regime aberto.
Outros presos “famosos” como Suzane Magnani (ex-Richthofen) e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos foram submetidos ao teste, assim como Elize Matsunaga, sentenciada pelo assassinado do marido.
O exame em questão, também conhecido como “teste do borrão”, é uma técnica psicológica na qual uma pessoa descreve o que vê em dez pranchas contendo manchas de tinta abstratas. As respostas são usadas para analisar aspectos da personalidade e emoções que o indivíduo não deseja revelar. Exemplo: falsidade, inveja, ódio, agressividade, etc.
De fato, Nardoni sustenta até hoje que um estranho entrou em seu apartamento, deparando-se com Isabella. Para se livrar dela, o tal assassino teria ido até uma gaveta do armário da cozinha, pego uma tesoura e cortado a tela de proteção da janela do quarto, arremessando a menina. No entanto, as marcas de poeira da tela de proteção estavam na camiseta usada por Nardoni, segundo atestou um laudo oficial assinado pela perita Rosângela Monteiro.
Chaib classificou a tese do pai de Isabella como “psicótica”. “Apesar de todos os elementos de convicção produzidos no caderno processual, o sentenciado se diz inocente”.
No regime aberto, o condenado livra-se totalmente do cotidiano na penitenciária, passando a cumprir pena em casa, sendo obrigatório que ele trabalhe e não esteja na rua entre as 20h e as 6h da manhã.
No regime mais brando, Nardoni não poderia frequentar bares e boates, muito menos consumir bebida alcoólica em lugares públicos. O mesmo também não poderia deixar a cidade-domicílio sem pedir autorização à Justiça. Durante o fim de semana completo, é obrigatório ficar em casa.
Anteriormente, a Vara de Execução de Taubaté, que tem em mãos a decisão de conferir liberdade a Alexandre Nardoni, concederam liberdade antecipada a Jatobá, condenada pelo mesmo crime.
Além de, em 2019, concederem prisão domiciliar ao ex-médico Roger Abdelmassih com base em um laudo médico falso que atestava que ele estava doente. Após a descoberta da fraude, ele acabou voltando para a prisão. Em 2010, o ex-médico foi condenado a 181 anos de prisão por estuprar pacientes entre os anos de 1995 e 200, durante consultas em sua clínica de fertilização, na capital paulista.