Aliados de Jair Bolsonaro estão organizando uma “vaquinha” para custear o próximo ato do ex-presidente, marcado para 21 de abril na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Segundo o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), um dos organizadores do evento, cerca de 25 parlamentares vão doar cotas de 5.000 reais cada. O total de 125.000 reais deverá cobrir despesas com itens como o aluguel de dois trios elétricos, grades, filmagem e seguranças. Os deputados federais Alexandre Ramagem (PL-RJ) — que é pré-candidato à Prefeitura do Rio –, Eduardo Pazuello (PL-RJ), Altineu Côrtes (PL-RJ), Marco Feliciano (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) são alguns dos nomes que doaram para o rateio, afirma Cavalcante.
O último ato, que aconteceu em 25 de fevereiro na Avenida Paulista, reuniu cerca de 300.000 pessoas e foi custeado pelo pastor Silas Malafaia, organizador de ambas as manifestações, no Rio e em São Paulo. Agora, diz Malafaia, o valor levantado será enviado diretamente pelos deputados a ele — que é quem irá fazer os pagamentos e emitir as notas fiscais.
Entre os convidados que estarão em cima do trio estão cerca de 40 deputados, senadores e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). De acordo com Cavalcante, governadores de outros estados também deverão participar do ato — a lista de confirmações ainda está sendo fechada.
Deverão abrir os discursos os deputados Marco Feliciano, Nikolas Ferreira e o senador Magno Malta (PL-ES). Na sequência, estão previstos os pronunciamentos da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, de Silas Malafaia e, por fim, de Bolsonaro.
Assim como no evento da Paulista, o ex-presidente deverá gravar um vídeo nos próximos dias pedindo que os apoiadores não levem faixas, cartazes ou quaisquer outros itens com dizeres contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e instituições. “Para que não tentem colar na gente a narrativa de que somos um ato antidemocrático”, afirma Silas Malafaia. “Não queremos problemas institucionais”, diz o deputado Sóstenes Cavalcante.
Minuta de golpe
Segundo anunciado pelo próprio ex-presidente, o principal tema da manifestação será o que o entorno bolsonarista classifica de “fake news” a respeito da minuta de golpe encontrada pela Polícia Federal nos arquivos do celular do tenente-coronel Mauro Cid. O caso foi revelado por VEJA em junho do ano passado. Segundo investigação da Polícia Federal aberta para apurar o episódio, a peça seria uma das provas da implicação do envolvimento de Bolsonaro com uma conspiração para continuar no poder após a derrota eleitoral para Luiz Inácio Lula da Silva.
No ato em São Paulo, Bolsonaro já havia falado sobre o tema. Em seu discurso, se disse vítima de “violação de prerrogativas” nos processos dos quais é alvo no Supremo, pediu anistia a parte dos presos nos atos de 8 de janeiro de 2023 e negou qualquer tentativa de golpe. “O que é golpe? Golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração. É trazer classes políticas para o seu lado, empresariais. É isso que é golpe. Nada disso foi feito no Brasil”, disse.